Disfunções temporomandibulares (DTM) no sentido amplo são distúrbios que acometem as articulações temporomandibulares (ATM), músculos da região buco-facial e cervical. Ela atinge 40% da população mundial e, compromete seriamente a qualidade de vida do indivíduo.
A ATM é uma das articulações mais ativas do corpo humano, que possui grande amplitude de movimentos. Atos essenciais como falar comer e deglutir são de sua responsabilidade. É uma articulação sinovial que apresenta um disco fibroso em seu interior, estabilizada pelos ligamentos e músculos da mastigação. Quando todos os elementos associados à ATM funcionam harmonicamente, a articulação opera sem problemas. Mas se algum deles sai da normalidade em função de vários fatores como estresse, trauma e outras alterações como descoordenação muscular, deslocamento de seu disco, degeneração óssea da articulação entre outros surge a DTM. A sua etiologia é multifatorial incluindo a oclusão bucal, disfunções da articulação, fatores neuromusculares e psicogênicos entre outros. Segundo estudos estatísticos 45% dos casos são de origem muscular, e dentre eles 70% afetam as mulheres, entretanto os outros casos têm origem na articulação ou mista. Tem maior prevalência a partir dos 30 anos, porém, às vezes se manifesta já na adolescência.
Diversos sintomas podem incomodar quem sofre de DTM. Em geral eles apresentam uma característica marcante: atingem os dois lados da face.
Os sinais e sintomas mais comuns observados nestes pacientes são:
. Dor localizada ou difusa nas redondezas da orelha, que pode se irradiar para dentes, mandíbula, cabeça ou pescoço;
. Dor no maxilar ao mastigar ou bocejar;
. Dor de cabeça ao acordar;
. Cliques ou estalidos ao abrir e fechar a boca;
. Hábito de ranger ou apertar os dentes;
. Músculos mastigatórios contraídos ao acordar;
. Dificuldade em abrir completamente a boca ou travamento da mandíbula ao falar, comer ou bocejar;
. Deslocamento da mandíbula, impedindo de fechar a boca;
. Dificuldade para dormir e sensação de acordar cansado.
Sem dúvida, o mais importante é a dor orofacial. O exemplo clássico desta dor, que afeta os tecidos da face, pescoço e estruturas da cavidade oral, é a dor de dente.
Quando diz respeito à DTM, ela engloba as dores músculo-esquelético ligada à atividade mandibular – portanto, que são provocadas por alterações na ATM, nos músculos mastigatórios e nas estruturas anexas.
Para um diagnóstico adequado devem ser levados em consideração alguns fatores:
. Sistêmicos: personalidade e comportamento;
. Estruturais: discrepâncias faciais, de oclusão, tratamento dentário e estruturas articulares inadequadas;
. Traumáticos: microtraumas causados por lesões pequenas e repetitivas decorrentes a contatos oclusais instáveis e macrotraumas por lesão do chicote da coluna cervical (hiperextensão e flexão forçada), golpes na mandíbula ou na face. É importante salientar que o grande esforço na extensão dos ligamentos e da cápsula articular durante a cirurgia bucal prolongada, intubação orotraqueal (anestesia geral), são responsáveis por 30% dos casos de DTM.
A sobrecarga articular decorrentes de determinados comportamentos do indivíduo tais como ranger ou apertar os dentes, roer unhas, mascar chicletes, fumar cachimbo também devem ser levadas em consideração.
Entre os fatores que promovem a manutenção do quadro doloroso temos as tensões mecânicas e musculares, distúrbios metabólicos e psicológicos e comportamentais. A maioria dos pacientes com DTM têm maior ansiedade, portanto uma personalidade mais vulnerável ao estresse.
As doenças reumáticas podem acometer as ATM e entre elas a artrite reumatóide, artrite reumatóide juvenil, artrite pisoriásica, espondilite anquilosante, osteoartrose, fibromialgia e a dor miofacial.
A combinação de disfunções musculares e articulares freqüentemente está presente no paciente com DTM. Os fatores neuromusculares, anatômicos e comportamentais atuam em conjunto para o desenvolvimento destes distúrbios.
O diagnóstico é realizado pelo ato médico que inclui a história clínica, antecedentes pessoais, exame clínico geral e do aparelho locomotor bem como a avaliação da ATM pelo dentista especializado, sendo complementado pelos seguintes exames subsidiários:
. Radiografias faciais cefalométricas (perfil/frontal)
. Radiografias panorâmicas
. Tomografia das ATMs
. Ressonância magnética das ATMs
. Eletromiografia
. Eletrognatografia
. Polissonografia
. Modelos de estudo
. Arco Facial
O tratamento deverá ser personalizado, com condutas específicas para cada paciente. Portanto uma equipe multiprofissional, que inclua o reumatologista, dentista, fisioterapeuta, psicólogo e fonoaudiólogo devem ser envolvidos.