Estima-se que até 80% dos indivíduos tenham apresentado dor lombar durante a vida. No passado as opções de tratamento eram limitadas em razão da dificuldade em se realizar o seu diagnóstico diferencial. Novos avanços tecnológicos na área de imagem permitiram e facilitaram a realização dos vários diagnósticos. O desenvolvimento de recursos tecnológicos avançados, permitiram um melhor refinamento no seu tratamento. Entre as causas mais comuns de dor lombar, encontra-se a dor oriunda do disco vertebral (discogênica), que se acredita ser devido à fissura do anel fibroso. O sintoma doloroso é devido à combinação de pressão mecânica e inflamações locais, associadas à exposição e irritação das terminações dos nervos quando expostos aos produtos liberados pela degradação do disco. Não estamos nos referindo à compressão radicular que acontece quando da ruptura do anel fibroso e extravasamento do conteúdo interno do disco (hérnia de disco), em que pode ocorrer dor irradiada para os membros inferiores. O exame clínico e de imagem tornam possível o diagnóstico diferencial quanto da possibilidade de se tratar de dor de origem discal. A maior parte dos pacientes melhora significativamente após quatro a seis semanas, apenas com o uso de antiinflamatórios não hormonais, repouso no leito por curto período, fisioterapia e reeducação postural. Um terço dos pacientes com dor discogênica confirmada pela discografia (exame contrastado do disco), não respondem ao tratamento conservador e uma pequena parte deles se torna incapacitada pela persistência da dor. Nesses casos procedimentos minimamente invasivos intradiscais podem ser indicados.
Estes promovem uma agressão mínima aos tecidos do organismo, manuseando-se apenas a área doente e preservando as outras estruturas. Têm como objetivo obter bons resultados sem as desvantagens de uma cirurgia de grande porte, procurando resolver o problema com o menor sofrimento para o paciente (redução da dor pós-operatória, da permanência hospitalar e acelerando o retorno à sua rotina normal). Nos últimos 40 anos várias terapias intradiscais foram desenvolvidas visando reduzir a pressão no interior do disco intervertebral (descompressão). Esses procedimentos minimamente invasivos vêm apresentando uma significativa evolução em decorrência do avanço cientifico e tecnológico em termos de equipamentos e técnicas medicas. Estas cirurgias são realizadas por duas vias: Vídeo-Endoscópicas e Técnicas Percutâneas. Em razão de sua importância atual, abordaremos apenas algumas das técnicas percutâneas realizadas em nível ambulatorial:
. Discectomia intra discal a laser
. Anuloplastia eletrotermica intradiscal (IDET)
. Nucleoplastia
Essa técnica usa a energia do laser para vaporizar parte do núcleo pulposo visando à diminuição da pressão intra discal e regressão da protrusão discal do anel fibroso. Os seus resultados foram variáveis, dependendo do tipo de energia a laser usada. Porém tem um papel restrito no tratamento da dor lombar e ciática.
Anuloplastia eletrotérmica intradiscal é uma opção de tratamento minimamente invasivo em pacientes com dor lombar decorrente de fissuras na parede externa do disco intervertebral. A eficácia dessa terapia está na dependência de se transferir calor de forma homogênea por um cateter eletrotérmico por meio de uma corrente elétrica para o anel fibroso e núcleo pulposo . A melhora da dor é devido principalmente à modificação da estrutura de suas fibras colágenas, de substâncias bioquímicas responsáveis por dor e inflamação, e por destruição dos receptores das fibras nervosas do disco, induzindo a sua restauração. Os resultados iniciais tem sido satisfatórios. Os efeitos em longo prazo são desconhecidos, porém os últimos trabalhos publicados não tem sido tão animadores.
È um novo método aprovado pelo FDA e pela ANVISA para tratamento de hérnia discal contida e em casos selecionados de dor discogênica desde 2001. Tem como objetivo a retirada de tecido do núcleo pulposo da ordem de 10% por meio da introdução de um cateter no interior do disco, que transmite ondas de radiofreqüência específica de maneira controlada provocando sua contração e aliviando a pressão interna exercida sobre a raiz do nervo afetado. O disco é tratado e não removido preservando o seu efeito de cochim estabilizador. A experiência clínica com esta nova tecnologia necessita ainda de um seguimento clínico prolongado para observar os resultados a longo prazo. Neste período inicial é válido considerar a nucleoplastia como um tratamento eficiente para hérnias de disco contidas (maior que seis mm) com ou sem radiculopatia associada. É absolutamente importante entender que a nucleoplastia pode não substituir a micro-discectomia ou fusão, servindo, no entanto como uma conduta complementar nos casos referidos acima.
Embora não exista ainda um procedimento percutaneo intra-discal desenvolvido com a eficiência da cirurgia aberta, esses procedimentos são menos invasivos e evitam as complicações da microdiscectomia . Todos eles, no entanto, tem limitações, porem o seus resultados vem crescendo progressivamente nos pacientes que estão adequados ao seu uso, e preenchem os requisitos para serem selecionados. Novas técnicas para se tratar à dor lombar ou a ciática continuam a ser desenvolvidas com tremendos avanços tecnológicos, e numerosos estudos estão em curso. O uso de técnicas minimamente invasivas continuam a se expandir de forma exponencial, trazendo boas novas em curto prazo.