Os Distúrbios Músculo Esqueléticos Relacionados ao Trabalho (DORT) são uma causa importante de incapacidade. Tem apresentado crescimento rápido e progressivo, promovendo múltiplos impactos em especial médicos, econômicos e sociais.
No Brasil a incidência e a prevalência de diagnósticos de DORT assemelhasse aos países industrializados. Têm sua incidência em crescimento, entretanto, o seu impacto econômico não se encontra adequadamente mesurado. Nos Estados Unidos em 1985 , foram gastos 20 bilhões de dólares em indenizações, e portanto, as intervenções preventivas precoces diminuem os seus custos e melhoram o prognóstico.
O DORT é uma síndrome com múltiplos fatores:
. Psicológicos – estresse e distúrbios emocionais podem preceder e são responsáveis pela manutenção de seus sintomas;
. Genéticos;
. Organizacionais – demanda, segurança, ambiente, relacionamento com superiores hierárquicos e colegas de trabalho;
. Individuais – personalidade, satisfação com o trabalho, relacionamento com familiares, tabagismo, obesidade, percepção inadequada sobre seu estado de saúde;
. Idade – redução da capacidade de trabalho após os 50 anos, devido à diminuição da capacidade aeróbica e força muscular que promovem uma diminuição do limiar de fadiga;
. Outros – indenizações trabalhistas e questões de estabilidade no emprego.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do DORT são:
. Sobrecarga Física – trabalhadores com sobrecarga física apresentam maiores problemas na coluna cervical e nos ombros;
. Sobrecarga biomecânica estática;
. Sobrecarga biomecânica, dinâmica ou de repetição;
. Inexperiência: trabalhadores inexperientes apresentam maior índice de problemas em membros superiores;
. Técnicas incorretas para execução de tarefas;
. Ambiente físico;
. Espaço, ferramentas, acessórios, equipamentos e mobiliários inadequados;
. Desrespeito postural a angulações, posicionamento e distâncias;
. Utilização de instrumentos ou assentos de veículos que transmitem vibração excessiva;
. Ambiente de trabalho inadequado, tais como: ventilação, temperatura e umidade.
. Sobrecarga mental – é um fator de mau prognóstico em doenças de membros superiores;
– Trabalho monótono;
– Baixo suporte social e no trabalho.
. Carga horária completa;
. Trabalho noturno;
. Trabalho monótono;
. Excesso de jornadas de trabalho (horas extras);
. Falta de intervalos apropriados.
. Baixo suporte familiar;
. Lazer inadequado ou insuficiente;
. Solidão.
Entre as principais patologias relacionadas ao DORT temos:
. Tenossinovite do punho e antebraço;
. Síndrome do túnel do carpo;
. Tendinite do ombro;
. Epicondilite lateral;
. Cervicalgia;
. Lombalgia – aumento dramático relacionado ao trabalho.
Os principais distúrbios dolorosos mais freqüentes nos trabalhadores são:
. Patologias da coluna vertebral (cervical, lombar e dorsal);
. Síndromes miofasciais;
. Tenalgias;
. Mialgias.
As patologias dolorosas relacionadas ao DORT são multifatoriais e correspondem a um grupo heterogêneo de afecções, que muitas vezes não apresentam uma causa identificável, de alta incidência na prática diária da medicina , não podendo ser atribuídas unicamente às atividades ocupacionais. É fundamental investirmos na sua prevenção, o que proporcionará melhoria da saúde e aumento de segurança e produtividade.
As principais medidas de prevenção, são:
. Melhoria do espaço de trabalho e mobiliário;
. Escolha de ferramentas e instrumentos adequados;
. Diminuição dos erros de postura (ajustando o local do trabalho, alterando a posição das ferramentas, orientando o trabalhador quanto aos erros de postura).
. Organizando um trabalho ergonômico (utilizando auxílio mecânico, permitindo pausa para o relaxamento muscular e distribuindo uniformemente o tempo de trabalho);
. Reduçao do estresse psicológico:
– Promovendo pausas no trabalho;
– Minimizando os impasses no trabalho.
. Treinamento:
– Informando os riscos específicos;
– Orientando corretamente sobre os métodos de execução do trabalho;
– Orientando as posturas corretas;
– Sugerindo pausas no trabalho.
. Terapia física ativa: trabalhadores submetidos à terapia física precoce retornam mais rapidamente ao trabalho;
– Redução do número de visitas médicas;
– Redução do número restrições ao trabalho;
– Diminuição do número de afastamentos;
– Diminuição dos custos financeiros;
– Melhora da saúde.
A prevenção ainda inclui fatores relacionados e não relacionados ao trabalho. É importante também investirmos em ergonomia (ciência e tecnologia que tem como objetivo o ajuste confortável e produtivo entre o ser humano e o trabalho), pois a sua ausência promove:
. Absenteísmos e perda de produtividade;
. Custos financeiros devido ao afastamento;
. Trabalhadores com restrições ao seu trabalho;
. Deterioração das relações humanas;
. Pressão sobre a empresa do fenômeno DORT.